Editorial POR DENTRO DO RN

A prefeitura de Natal deu mais uma demonstração de insensibilidade e desprezo pelas camadas mais vulneráveis da sociedade. Em um gesto que beira a crueldade, a gestão do prefeito Paulinho Freire decidiu suspender o pagamento do auxílio destinado aos permissionários do Mercado da Redinha, mesmo com o equipamento público permanecendo fechado.
O mercado, que há anos a por uma novela de promessas, segue de portas fechadas sem previsão concreta de reabertura. Enquanto isso, dezenas de trabalhadores que dependiam daquele espaço para garantir seu sustento estão abandonados, sem alternativa de renda e agora também sem o apoio mínimo que era prestado pela prefeitura.
A justificativa oficial é, no mínimo, desrespeitosa. A Semtas parece ter se especializado em discursos frios e desconectados da realidade. Ao suspender o auxílio, o recado é claro: os problemas dos permissionários não são prioridade para a atual istração.
Essa decisão revela não apenas falta de sensibilidade, mas também despreparo em lidar com a função social da gestão pública. A prefeitura não oferece prazos concretos, não apresenta soluções e ainda retira o pouco que restava para famílias que, sem culpa, foram privadas do direito ao trabalho. Trata-se de um duplo abandono: estrutural e social.
Uma gestão que não ouve
Desde o início de seu mandato, Paulinho Freire vem se notabilizando por uma gestão apagada, até o momento sem grandes marcas positivas – mas sim com graves problemas de comunicação, já criticada até mesmo por seus aliados. A situação dos permissionários da Redinha é apenas mais um capítulo do distanciamento entre o gabinete do prefeito e a vida real das pessoas.
As promessas de revitalização se acumulam, as obras emperram e a solução não chega. Mesmo diante desse cenário, a gestão municipal optou por cortar o auxílio, como se a responsabilidade fosse dos próprios trabalhadores.
O impacto dessa medida vai muito além do financeiro. É uma afronta à dignidade de pessoas que, há anos, enfrentam a precariedade por conta da ineficiência do poder público. Cortar o auxílio em um momento em que o mercado segue fechado é virar as costas para quem mais precisa.
Desamparar os trabalhadores só amplia a crise social, reforça a imagem de uma gestão insensível e alimenta a revolta de quem já se sente esquecido pela gestão municipal. O episódio do auxílio da Redinha escancara a face de uma gestão que não enxerga as pessoas por trás dos números.
Mais do que uma questão de recurso, trata-se de vontade política e de respeito. Em vez de buscar soluções criativas, estabelecer parcerias ou ao menos apresentar um cronograma confiável de reabertura, a prefeitura optou pelo caminho mais fácil — e mais cruel.
A sociedade natalense deve refletir: que tipo de gestão é essa que fecha um mercado e, sem resolver o problema, ainda corta o auxílio de quem mais precisa?
O que se observa, mais uma vez, é que a prefeitura de Natal está distante da realidade das pessoas. No caso da Redinha, é como se a gestão dissesse: “o problema é de vocês, virem-se como puderem”.
Foto: Magnus Nascimento/Prefeitura de Natal/Ilustração
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