Editorial POR DENTRO DO RN

Na última quarta-feira (4.jun.2025), Natal parou. Literalmente. Com a deflagração da greve dos rodoviários, praticamente nenhum ônibus circulou na capital potiguar. Foi um dia de caos. Trabalhadores ficaram presos em paradas, estudantes perderam aulas, pacientes faltaram consultas, e a cidade mergulhou num colapso silencioso — silencioso, sobretudo, por parte de quem mais deveria se pronunciar: o prefeito Paulinho Freire.
Enquanto a população tentava, como podia, driblar os efeitos da paralisação no transporte público, nenhuma palavra do prefeito foi ouvida. Nenhuma nota. Nenhuma coletiva. Nenhuma postagem sequer. Nada que demonstrasse liderança, empatia ou, no mínimo, respeito com o cidadão natalense.
A única manifestação oficial da Prefeitura de Natal veio por meio da STTU, que afirmou que judicializaria o movimento grevista. A Justiça sequer precisou intervir — o acordo foi costurado entre patrões e rodoviários horas depois. Ainda assim, o prefeito se manteve ausente, calado e alheio ao drama urbano que se desenrolava diante dos olhos de todos.
Infelizmente, esse não foi um caso isolado. Desde o início da sua gestão, Paulinho Freire tem colecionado episódios de ausência e de falhas graves na comunicação institucional, o que já tem provocado incômodo inclusive entre seus próprios aliados. Em outras crises enfrentadas por Natal — como inundações, problemas com lixo, apagões de trânsito e alagamentos —, a figura do prefeito simplesmente sumiu da cena.
A comunicação de Paulinho é, para dizer o mínimo, desastrosa. Um prefeito que não se pronuncia nos momentos de maior angústia da cidade transmite à população uma perigosa sensação de abandono. Como se cada cidadão tivesse que enfrentar, sozinho, o caos, sem ao menos ouvir um “estamos trabalhando por vocês”.
A greve dos ônibus escancarou isso com nitidez. O transporte público de Natal já enfrenta críticas há anos: frota antiga, agens caras, falta de transparência nas planilhas e ausência de ar-condicionado em pleno século XXI. A greve foi só a cereja amarga de um bolo mal assado por décadas de descaso e conivência.
E é justamente por isso que o silêncio do prefeito é ainda mais preocupante. Paulinho Freire não herdou um sistema de transporte eficiente. Herdou um problema. E, ao não assumir essa responsabilidade e se manter ausente, reforça a imagem de um gestor omisso, que parece mais interessado em preservar a própria imagem do que encarar os desafios da cidade.
Natal precisa de mais do que notas técnicas da STTU. Precisa de liderança. Precisa de um prefeito que apareça, que dialogue com a população, que enfrente crises de frente, que dê a cara a tapa quando for necessário. Paulinho, até aqui, tem preferido o conforto do silêncio à coragem da exposição.
A greve ou. Os ônibus voltaram às ruas. Mas a sensação de abandono permanece. A pergunta que não quer calar segue ecoando entre os natalenses: e a greve, prefeito? Onde estava o senhor quando a cidade precisou?
Foto: Reprodução/Redes Sociais
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