Conflito entre Irã e Israel se intensifica com operação militar que matou generais iranianos e provocou retaliação com centenas de mísseis
Na noite desta sexta-feira (horário local), explosões foram ouvidas sobre Tel Aviv e Jerusalém, em Israel, ao som de sirenes que alertavam para ataques aéreos. O porta-voz militar de Israel confirmou que os disparos foram provocados pelo lançamento de mísseis pelo Irã.
Segundo a agência estatal iraniana IRNA, centenas de mísseis balísticos foram lançados como retaliação aos ataques promovidos por Israel contra alvos estratégicos no Irã. Entre os alvos atingidos estavam instalações nucleares subterrâneas em Natanz e bases militares de alto escalão.
Israel denominou a ofensiva de “Operação Leão em Ascensão” e declarou que o objetivo é neutralizar o que considera uma ameaça existencial representada pelo programa nuclear iraniano. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou, em pronunciamento, que os ataques seguirão enquanto forem considerados necessários para garantir a segurança nacional.

A mídia iraniana reportou explosões ao norte e ao sul de Teerã, bem como na cidade de Isfahan e nas proximidades de Fordow, outra base nuclear próxima a Qom. A Guarda Revolucionária iraniana confirmou que pelo menos duas instalações nucleares foram atingidas.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, acusou Israel de ter iniciado uma guerra. Em resposta, o Irã declarou que sua reação é legítima diante da destruição causada. Ainda na sexta-feira, as defesas aéreas foram ativadas em diversas cidades iranianas.
A Polícia Federal iraniana afirmou que cerca de 80 civis morreram e mais de 300 ficaram feridos nos ataques israelenses. As imagens divulgadas pela imprensa local mostram destruição em áreas residenciais e danos em complexos nucleares.
Segundo fontes regionais, 20 comandantes militares iranianos foram mortos, incluindo o chefe do Estado-Maior, major-general Mohammad Bagheri, e o comandante da Guarda Revolucionária, Hossein Salami. O general Mohammad Pakpour foi designado como novo líder das forças da Guarda e prometeu retaliação ao governo israelense.
Em carta lida pela televisão estatal iraniana, Pakpour escreveu: “As portas do inferno se abrirão para o regime que mata crianças”.
Internamente, o Irã vivencia clima de tensão. Cidadãos relatam pânico, com moradores deixando suas casas e buscando formas de sair do país. Em algumas regiões, houve corrida para troca de moeda estrangeira.
Os ataques provocaram instabilidade no mercado internacional. O preço do petróleo subiu em razão do temor de impactos na produção nos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), embora até o momento não tenha sido confirmado qualquer dano a instalações de extração ou armazenamento.
No campo diplomático, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump se manifestou. Em entrevista à agência Reuters, afirmou que os Estados Unidos tinham conhecimento prévio dos planos israelenses. Ele acrescentou que ainda é possível uma negociação entre Teerã e Washington sobre o programa nuclear iraniano, embora não tenha certeza se o encontro previsto para domingo ocorrerá.

Trump disse: “Tentei salvar o Irã da humilhação e da morte. Tentei poupá-los com muito afinco, pois adoraria que um acordo tivesse sido fechado”.
Nas redes sociais, Trump reforçou sua posição, afirmando que “o Irã precisa fazer um acordo antes que não reste mais nada”.
O conselheiro de segurança nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, declarou que a ação militar não visa eliminar por completo o programa nuclear iraniano, mas criar um cenário favorável a um acordo futuro, sob mediação dos Estados Unidos.

Apesar dos ataques, o Irã sustenta que seu programa nuclear tem fins civis. No entanto, o órgão de vigilância nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou recentemente que o país violou obrigações do tratado de não proliferação nuclear, ao refinar urânio em níveis considerados compatíveis com armamentos bélicos.
Entre os aliados regionais do Irã, apenas a milícia Houthi, no Iêmen, realizou um ataque. Um míssil foi disparado e caiu em Hebron, na Cisjordânia, ferindo três crianças palestinas, de acordo com o Crescente Vermelho Palestino.

O impacto da operação israelense ainda está sendo avaliado, principalmente em relação ao grau de destruição das instalações nucleares subterrâneas, como a de Natanz, considerada um dos principais centros de enriquecimento de urânio do país.
Foto: AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA REPUBLICA ISLÂMICA / Arte: Dijor / Daniel Torok/White House / Joyce N. Boghosian
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